Filipe Pimentel Rações entrevista Álvaro Sardinha e Teresa Cerveira Borges, procurando definir e avaliar a economia azul sustentável. As questões apresentadas – inteligentes e perspicazes – recebem respostas claras e surpreendentes. O texto desenvolve-se ao longo de onze magníficas páginas, na última edição da conceituada publicação Greensavers – já nas bancas.
Muito mais que um simples conceito, a economia azul assume-se como uma nova forma de viver – um veículo de excelência para a mudança – promovendo a saudável e necessária prosperidade distribuída.
Esta é a conclusão da grande entrevista publicada na última edição da revista Greensavers (trimestre set-out-nov 2025).
O texto que se apresenta de seguida, espelha as questões apresentadas por Filipe Pimentel Rações e as respostas devolvidas por Álvaro Sardinha - Fundador e Diretor do C2EA Centro de Competência em Economia Azul. Não inclui as respostas e comentários de Teresa Cerveira Borges, que poderão ser encontradas na referida publicação, já disponível nas bancas e em formato digital.
Frederico Pimentel
1. Olhando para a História, vê-se claramente que o desenvolvimento económico colidiu inúmeras vezes com a proteção ambiental, e continua a colidir, mesmo com todo o conhecimento disponível. Porque é que esse novo capítulo no mar seria diferente? Isto sabendo que as atividades económicas baseadas no mar são das principais causas da degradação desses ecossistemas.
Álvaro Sardinha
A resposta útil a esta questão exige, desde já, a clarificação de alguns conceitos e a consideração da sua cronologia.
A economia azul é realmente uma dinâmica emergente e regeneradora, assente em quatro pilares do desenvolvimento sustentável – ambiental, social, cultural e económico. Diferencia-se e sucede ao conceito clássico de economia do mar, focado apenas nas atividades económicas e na maximização do lucro das operações.
A economia do mar é, na realidade – uma licença para explorar – muitas vezes sem limites, considerando que a criação de riqueza é o objetivo único da economia, independentemente dos seus impactes. A economia do mar é uma economia linear, que considera infinitos os recursos naturais; que não reconhece a perda de biodiversidade; e que classifica as pessoas como meios para atingir os seus objetivos.
O conceito de economia do mar está claramente obsoleto, tendo sido gradualmente substituído pelo conceito de economia azul, o qual ganhou particular proeminência em 2012, na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (RIO +20).
Em oposição à economia do mar, a economia azul foca-se na utilização dos recursos aquáticos e na promoção do desenvolvimento económico, sem comprometer a saúde e a sustentabilidade do oceano, do planeta, das pessoas e das comunidades.
O conceito de economia azul tem vindo a evoluir, sendo hoje considerado sinónimo de desenvolvimento sustentável, restaurador e regenerativo, que ultrapassa os mares e o oceano. De facto, as atividades relacionadas com a economia azul podem ser realizadas em qualquer local, inclusive em regiões interiores de países com litoral, ou em países sem acesso ao mar.
Para finalizar, importa sublinhar que as atividades económicas baseadas no mar NÃO são as principais causas da degradação desses ecossistemas – a maior parte dos problemas do oceano e dos mares têm origem em terra, consequência da ação humana.
O meio marinho é ameaçado por resíduos arrastados pelas correntes dos rios e pelas chuvas; pela força do vento; e por inúmeras descargas de efluentes. Os resíduos (incluindo plástico) e os escoamentos municipais, industriais e agrícolas, são responsáveis por até 80% de toda a poluição marinha.
O oceano é também ameaçado pelas emissões de gases de efeito de estufa, resultantes de atividades humanas em terra – em particular o dióxido de carbono (CO2) – cuja absorção pela água do mar provoca a diminuição do seu pH e a consequente acidificação. As mesmas emissões são também responsáveis pelo aquecimento global do ar e da água, com devastadores impactes nos ecossistemas marinhos e costeiros.
As atividades económicas baseadas no mar NÃO são as principais causas da degradação desses ecossistemas – a maior parte dos problemas do oceano e dos mares têm origem em terra, consequência da ação humana.
Frederico Pimentel
2. Como é que a Economia Azul e conservação dos oceanos se ligam e influenciam? Sem ecossistemas marinhos saudáveis e biologicamente diversos é possível uma EA sustentável a longo-prazo?
Álvaro Sardinha
Não existe economia azul sem um oceano saudável.
Quando falamos de economia azul, consideramos um só oceano que nos une a todos; um clima interligado, interdependente e sem fronteiras; um futuro comum.
É preciso pensar e agir de forma integrada – um só planeta – não existe economia azul sem conservação do oceano. E sem um oceano saudável, a própria vida no planeta está ameaçada.
A economia azul depende e é impulsionada por vários fatores: um oceano saudável e resiliente; biodiversidade protegida; saneamento básico; ecossistemas vibrantes; conhecimento; educação; e desenvolvimento social inclusivo.
De forma resumida, a economia azul é um veículo para o desenvolvimento sustentável, considerando que “Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades.“ (Relatório Brundtland, 1987).
Frederico Pimentel
3. De que forma é que as Áreas Marinhas Protegidas, por exemplo, podem ajudar a impulsionar a Economia Azul? Neste caso, a conservação não é vista como um obstáculo ao desenvolvimento económico, como muitas vezes o é em terra firme?
Álvaro Sardinha
As áreas marinhas protegidas constituem uma importante ferramenta de conservação e gestão marinhas, tendo como objetivo mitigar a perda de biodiversidade e os danos nos serviços dos ecossistemas associados.
As áreas marinhas protegidas são, geralmente, designadas para regulamentar e limitar as atividades humanas com impacto negativo no local protegido. Para tal, são definidas zonas geograficamente delimitadas, geridas através de meios legais, destinadas à gestão e conservação da biodiversidade, dos habitats e dos ecossistemas marinhos, assim como dos serviços dos ecossistemas e dos valores culturais associados.
Quando criadas com sustentação científica e auscultação das diversas partes interessadas e intervenientes, as áreas marinhas protegidas podem garantir e contribuir para o desenvolvimento económico e social, respeitando a natureza, a cultura e as comunidades.
Para tal é fundamental que sejam definidos níveis de proteção adequados – que travem a exploração, mas que permitam a utilização regulada – e que se mantenha uma gestão efetiva, dotada de meios e recursos financeiros continuados, que permitam a vigilância e aplicação dos respetivos regulamentos.
Em conclusão, as áreas marinhas protegidas contribuem para uma economia azul saudável, próspera e distributiva, desde que não se limitem a áreas desenhadas em papel ou partilhadas em cartografia digital.
Quando criadas com sustentação científica e auscultação das diversas partes interessadas e intervenientes, as áreas marinhas protegidas podem garantir e contribuir para o desenvolvimento económico e social, respeitando a natureza, a cultura e as comunidades.
Frederico Pimentel
4. A Economia Azul nada tem de novo. Durante séculos as sociedades humanas têm usado os mares e oceanos como fonte de alimento, de transporte, de recreio e turismo, como palcos de batalhas, como aterro sanitário, como fonte de inspiração para inovações tecnológicas e médicas. Como deve ser uma EA que permita realmente transformar essa forma displicente com que temos lidado com os mundos marinhos, e aliar a economia à conservação?
Álvaro Sardinha
Discordo da afirmação de que a economia azul nada tem de novo. A economia azul é uma nova forma de pensar a vida e a sustentabilidade do planeta.
A economia azul tem tudo de novo – é algo que não conhecemos; algo que temos de descobrir e relacionar – um mundo surpreendente e apaixonante. Atualmente, apenas 27,3% do fundo do oceano está mapeado de acordo com os padrões modernos; e desconhecemos a biodiversidade e a complexidade dos ecossistemas nas suas águas profundas.
A economia azul é também um conceito jovem orientado ao futuro, que tem vindo a revelar-se e que precisa de uma nova forma de pensar – de gente nova que pode e quer fazer diferente. Na realidade, grande parte dos decisores atuais pertence à geração da economia do mar, condicionados a uma forma de pensar antiga e obsoleta, assente em exploração e crescimento económico como indicador único de sucesso. Tal como afirmou Einstein, “O mundo tal como o criámos é um processo do nosso pensamento. Não pode ser mudado sem mudar o nosso pensamento.”
Importa também sublinhar, que a economia azul não inclui apenas os mares e o oceano – a economia azul abrange todos os espaços aquáticos, incluindo os lagos, rios e águas subterrâneas – ou seja, todo o ciclo e circularidade da água.
Esta visão é transformadora. A água é parte fundamental em todos os aspetos da vida, apresentando estreitas ligações com o clima, a energia, as cidades, o ambiente, a segurança alimentar, a pobreza, a saúde, entre outros temas.
A água é essencial para a sustentabilidade e o progresso da sociedade humana. A produção de alimentos, a geração de eletricidade, a saúde, o turismo e a indústria, entre outras atividades, dependem de água.
O acesso a água potável e saneamento tem o poder para transformar potenciais problemas em oportunidades, capacitando as pessoas com tempo para a escola e para o trabalho e contribuindo para melhorar a saúde das pessoas em todo o mundo.
A economia azul é uma nova forma de pensar a vida e a sustentabilidade do planeta. A economia azul tem tudo de novo – é algo que não conhecemos; algo que temos de descobrir e relacionar – um mundo surpreendente e apaixonante.
Frederico Pimentel
5. O ODS 14 estabelece a importância de “conservar e usar de forma sustentável os oceanos, mares e recursos marinhos”. A Economia Azul é considerada uma peça indispensável dos esforços para alcançar esse objetivo. Contudo, o ODS 14 é o ODS menos financiado dos 17. Significa isso que ainda não acordámos verdadeiramente para as múltiplas potencialidades da EA?
Álvaro Sardinha
A economia azul não é representada apenas pelo ODS 14 – Proteger a vida marinha. Atenta a definição apresentada previamente, torna-se claro que a economia azul abrange todos os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável.
De facto, se queremos proteger o oceano e os ecossistemas marinhos, temos de atuar na origem dos problemas – a forma como vivemos em terra.
Se não combatermos a desigualdade e a pobreza; a ausência de educação e de saneamento; a injustiça e as instituições ineficazes; vamos continuar a poluir os meios aquáticos e a aumentar as emissões de gases com efeito de estufa, que comprometem os ecossistemas marinhos.
Quando pensamos em economia azul apenas pela perspetiva do ODS 14, estamos, de facto, ainda a pensar em economia do mar – continuamos no estado de consciência que criou os problemas que enfrentamos. Citando de novo Einstein, “Nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo estado de consciência que o criou.”
Precisamos de novas abordagens. Embora o estabelecimento de objetivos de desenvolvimento sustentável e de alavancas políticas ambiciosas sejam muito necessárias, a mudança sistémica depende da integração de intervenções materiais, com a consideração da dimensão humana interior, muitas vezes negligenciada.
A mudança do mundo começa exatamente em cada um de nós e na nossa relação com os outros, pelo que é igualmente necessário estabelecer objetivos de desenvolvimento interior, associados ao domínio da cognição, da emoção, da consciência e da cultura; que envolve as relações interpessoais, as crenças coletivas e as construções sociais.
Se queremos proteger o oceano e os ecossistemas marinhos, temos de atuar na origem dos problemas – a forma como vivemos em terra.
Frederico Pimentel
6. A Economia Azul consegue congregar realmente a proteção dos ecossistemas e biodiversidade marinhas, o desenvolvimento económico e a transição para modelos e práticas económicos mais sustentáveis? Ao proteger não estamos a vedar o acesso ao desenvolvimento económico?
Álvaro Sardinha
A resposta a esta questão exige uma reflexão aprofundada. De facto, a economia azul é muito mais que um conceito; a economia azul é um propósito que deve ser encarado com espírito de missão. A economia azul não se implementa apenas por decreto – depende muito mais do querer ser e do querer fazer, da consciência e da mentalidade marítima.
Vivemos num planeta magnífico e vasto, porém limitado. A economia azul cumpre-se se soubermos admirar, agradecer, circular e repartir os seus recursos e generosidade.
A fórmula existe e coloca a economia azul ao serviço do desenvolvimento económico, em paralelo com a proteção dos ecossistemas e das comunidades. A fórmula tem até nome – economia azul sustentável e regenerativa.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA 2021), “a economia azul sustentável proporciona benefícios sociais e económicos para as gerações atuais e futuras; restaura, protege e mantém ecossistemas diversificados, produtivos e resilientes; e é baseada em tecnologias limpas, energia renovável e fluxos circulares de materiais. É uma economia baseada na circularidade, colaboração, resiliência, oportunidade e interdependência.”
Acrescenta ainda que “o crescimento da economia azul sustentável é impulsionado por investimentos que reduzem as emissões de carbono e a poluição, melhoram a eficiência energética, aproveitam o poder do capital natural e os benefícios que os ecossistemas fornecem, e interrompem a perda de biodiversidade.”
E esclarece que “a economia azul sustentável é um objetivo para a economia azul em geral e, portanto, exclui indústrias extrativas não renováveis (por exemplo, petróleo e gás offshore e mineração em alto mar), bem como práticas insustentáveis em outros setores.”
Esta é a economia azul que protege o oceano e os recursos marinhos, sem condicionar a sua utilização e desenvolvimento económico. Esta economia azul não tem absolutamente nada a ver com a economia do mar clássica, que ainda condiciona o nosso pensamento e visão, aprisionados num estado de consciência antigo.
Frederico Pimentel
7. Quais as maiores dificuldades na implementação de uma Economia Azul verdadeiramente “azul” e totalmente articulada com os objetivos de proteção da vida marinha?
Álvaro Sardinha
As maiores dificuldades no desenvolvimento da economia azul sustentável e regenerativa residem no universo social e nas pessoas – na falta de conhecimento, na escassez de propósito, visão sistémica e liderança eficaz – das quais resultam políticas públicas e estratégias limitadas e mal comunicadas, que conduzem à tragédia do horizonte, em que não conseguimos ver além da curva ou do nosso tempo.
Importa igualmente lembrar que, apesar de todas as ações de literacia e de regulação de comportamentos, perseguimos a tragédia dos comuns (Garret Hardin, 1968) “agindo de forma racional e independente, de acordo com os seus próprios interesses, as pessoas comportam-se contra o interesse de todos e o bem comum, esgotando recursos essenciais à sua sobrevivência e à das gerações futuras.”
O cenário descrito limita a colaboração continuada, refletida e construtiva, minando a confiança e condicionando a construção de parcerias robustas e resilientes, verdadeiras nascentes de inovação útil e desenvolvimento sustentável.
Precisamos mudar a forma como pensamos para conseguirmos mudar a forma como agimos. Falta-nos a capacidade interior para lidar com um mundo cada vez mais complexo e com desafios aumentados. Precisamos estabelecer objetivos de desenvolvimento interior, investindo em novas capacidades que podem levar a mudanças na mentalidade, nos hábitos e no comportamento.
Precisamos identificar e comunicar competências e qualidades baseadas na ciência, que nos ajudem a realizar vidas significativas, sustentáveis e produtivas. As competências sociais são fundamentais; porém, é necessário ir muito mais longe – refletindo e relacionando formas de ser, pensar, relacionar, colaborar e agir.
A economia azul é um propósito que deve ser encarado com espírito de missão. A economia azul não se implementa apenas por decreto – depende muito mais do querer ser e do querer fazer.
Frederico Pimentel
8. Num planeta em crise, que desafios podem desde já antever-se para a sustentabilidade, e até viabilidade, dos setores da economia azul? Temos oceanos mais quentes, mais ácidos, menos povoados, mais ruidosos e poluídos. Conseguirá a EA ser realmente sustentável e fazer face aos desafios levantados pelas atuais crises planetárias?
Álvaro Sardinha
Vivemos efetivamente uma tripla crise planetária – caracterizada pela poluição crescente em todas as suas formas; pelas alterações climáticas com os seus efeitos visíveis e invisíveis; e pela perda contínua de biodiversidade nos domínios terrestre e marinho.
Considerar que a economia azul pode, só por si, enfrentar e resolver os problemas citados, pode significar que não estamos a colocar as questões certas. A economia azul é, efetivamente, um veículo para o desenvolvimento sustentável. Mas quererão as pessoas fazer essa viagem? Estarão dispostas a transformar os seus hábitos e comportamentos, para reduzir ou eliminar os seus impactes individuais e coletivos?
A economia azul pode realmente contribuir para mitigar os grandes problemas do planeta. Porém, para tal é necessário considerar a transformação do conceito de avaliação de sucesso, que permanece aprisionado no crescimento económico contínuo, medido pelo produto interno bruto (PIB).
Felizmente, vivemos num tempo de transição da economia clássica para a economia do bem-estar, reconhecendo que – só por si – o crescimento económico não garante o progresso, a prosperidade e o desenvolvimento sustentável.
Vale a pena recordar as palavras de Robert Francis Kennedy (1968), afirmando que “o produto interno bruto (PIB) não leva em consideração a saúde dos nossos filhos, a qualidade da sua educação ou a alegria das suas brincadeiras. Não inclui a beleza da nossa poesia ou a força dos nossos casamentos, a inteligência do nosso debate público ou a integridade dos nossos funcionários públicos. Não mede nem a nossa inteligência nem a nossa coragem, nem a nossa sabedoria nem a nossa aprendizagem, nem a nossa compaixão nem a devoção ao nosso país, mede tudo em suma, exceto o que faz a vida valer a pena.”
Esta forma de pensar é reforçada por muitos outros pensadores, incluindo Jacinta Ardern (2019): “O crescimento económico acompanhado pelo agravamento dos resultados sociais não é um sucesso – é um fracasso."
E por António Guterres (2022): “Temos de mudar o nosso sistema de contabilidade, que considera a destruição do planeta como criação de riqueza.”
Vivemos num tempo de transição da economia clássica para a economia do bem-estar, reconhecendo que – só por si – o crescimento económico não garante o progresso, a prosperidade e o desenvolvimento sustentável.
Frederico Pimentel
9. Como é que a Economia Azul, alicerçada na proteção dos oceanos, pode ajudar setores de grande importância económica e social, como a pesca ou o turismo, a fazerem face aos efeitos da crise climática?
Álvaro Sardinha
Todos os setores de atividades da economia azul são importantes. Porém, para responder à questão apresentada, vale a pena focar o turismo azul, um dos setores de atividade da economia azul mais relevantes.
Por definição, o turismo azul representa um conjunto de atividades turísticas náuticas que se podem agrupar em três áreas: a náutica de recreio ou turismo náutico; o turismo costeiro ou turismo de praia e sol; e o turismo marítimo ou turismo de cruzeiros.
O turismo azul representa, pelo menos, 50% do valor total do turismo global (Ocean Panel, 2022). A nível global, representa cerca de 33% do valor gerado pela economia azul (UNCTAD, 2025). Em Portugal, o turismo azul representa 44% do valor acrescentado bruto produzido pela economia azul (Conta Satélite do Mar, 2018).
A relação entre o turismo e as alterações climáticas é inquestionável. As estimativas das emissões com origem em viagens e turismo variam entre 8% e 11% das emissões globais, prevendo-se que aumentem 25% em relação aos níveis de 2016 até 2030. No entanto, os ativos dos destinos, como os recursos ambientais, a biodiversidade e o bem-estar da comunidade – das quais o turismo depende – são particularmente vulneráveis aos impactes das alterações climáticas, incluindo temperaturas extremas, inundações, secas, subida do nível da água mar, entre outros.
Existe, sem dúvida, um risco significativo para o futuro da atividade turística e, em última análise, para a competitividade do setor. Por conseguinte, enfrentar os desafios das alterações climáticas, planeando e desenvolvendo uma economia azul sustentável, resiliente e regenerativa, deve ser uma prioridade.
Um oceano saudável é fundamental para um turismo azul sustentável, o qual – mais do que muitos outros setores – depende fortemente de recursos costeiros e oceânicos saudáveis, bem como da qualidade estética do ambiente.
Para que o turismo azul seja sustentável, torna-se obrigatório proteger a saúde de todos os meios aquáticos, incluindo rios, lagos, mares e oceano. Reduzir ou neutralizar as emissões de gases de efeito de estufa; e prevenir e combater a poluição marinha, em todas as suas formas, constituem prioridades absolutas.
Reconhecidamente, turismo azul inteligente, responsável e sustentável, é aquele “que não mata a galinha”.
O futuro é o presente da economia azul sustentável e regenerativa.
Sobre a Greensavers
A Greensavers é uma revista trimestral sobre sustentabilidade, com conteúdos exclusivos e aprofundados, tais como análise, reportagens, entrevistas, estudos e artigos de opinião. Das empresas aos cidadãos, a publicação acompanha o impacto das ações humanas para o Planeta, noticiando sobre a sustentabilidade em todas as suas vertentes, de forma a oferecer uma visão abrangente sobre o país e o mundo.
A edição digital pode ser encontrada AQUI.
Sobre o C2EA Centro de Competência em Economia Azul
O C2EA foi fundado em 2016 e afirma-se atualmente – a nível nacional e internacional – como um centro de excelência em conhecimento e inovação, em economia azul e desenvolvimento sustentável e regenerativo.
O C2EA é pioneiro em Portugal e no mundo em várias iniciativas, com particular destaque para as seguintes:
Programa de Especialização e Liderança em Economia Azul Sustentável (PLEA)
Estratégia 3E - Concretizar e libertar o valor da economia azul
Feira de Emprego e Carreiras Azuis (VIA AZUL)
Feira de Inovação e Negócios Azuis (FINA)
Fontes das imagens
As imagens relacionadas com o oceano têm origem na plataforma The Ocean Agency, uma iniciativa notável para acelerar a ciência oceânica e a conservação da natureza.
