4 setores prioritários para desenvolver a economia azul

Ciência e sustentabilidade são palavras-chave para o desenvolvimento da economia azul. Conhecimento, circularidade, descarbonização, digitalização, combate à poluição – são os vetores de ação. As prioridades revelam-se em quatro setores de atividade.

“Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades."

– Our Common Future (Relatório Brundtland 1987)


Ricardo Hausmann, Diretor do Growth Lab, no Center for International Development da Universidade de Harvard, afirma que a produtividade é o segredo do desenvolvimento. Sublinha ainda que não se aumenta a produtividade a fazer mais do mesmo e que a produtividade cresce quando se produzem novos produtos, mais complexos, aplicando novas tecnologias. Revela também que o know-how e a sua difusão são os segredos da produtividade. A tecnologia não chega para aumentar a produtividade. É preciso existir know-how, ou seja, “saber como” ou “saber fazer”. E existindo o know-how, é preciso facilitar e acelerar os processos para a sua difusão, melhorando a conectividade das redes de cooperação.

De acordo com a sua teoria, considerando palavras como produtos ou serviços; e letras como bits de know-how; quanto mais letras diferentes estiverem disponíveis, mais palavras é possível construir e mais longas e complexas estas serão (produtos e serviços complexos). A diversidade de know-how contribui assim para a complexidade económica; quando maior esta for, maior é o potencial para aumentar a produtividade.

Impulsionadores de desenvolvimento

Por outro lado, é hoje reconhecido que o desenvolvimento requer um plano de ação focado e de longo prazo, e uma estrutura clara para identificar e agir sobre determinados impulsionadores. Evidências de uma variedade de disciplinas confirmam que esses drivers podem ser encapsulados em sete “capitais”:

  • Capital físico – infraestruturas, máquinas e habitação;

  • Capital humano – habilidades, saúde e experiência da força de trabalho;

  • Capital intangível – inovação, ideias e patentes;

  • Capital financeiro – recursos de apoio ao financiamento das empresas;

  • Capital social – força das comunidades, relacionamentos e confiança;

  • Capital institucional – liderança local, competência e capacidade;

  • Capital natural – florestas, rios, mares, oceano, solo, ar, água, etc.

Não restam dúvidas de que um bom futuro terá de ser centrado em pessoas e ideias, apoiadas por instituições eficazes e orientadas por liderança de qualidade – focada em inovação positiva e diversidade económica, apostando em setores e usos emergentes.

Para o alcançar, destacamos quatro setores como prioritários: conhecimento; indústria marítima; bioeconomia e biotecnologia azul; e energia renovável marítima.


1. CONHECIMENTO – INVESTIGAÇÃO – ENSINO

O conhecimento é o motor da inovação e do desenvolvimento. Pessoas e conhecimento são indissociáveis – cuidar das pessoas e das instituições de investigação e ensino potencia a quantidade e a qualidade da ciência. Captar e reter talento é uma prioridade – a sua disponibilidade atrai capital e investimento.

A OCDE (2016) expressa que o potencial de longo prazo para inovação, criação de emprego e crescimento económico da economia azul é elevado, sendo esperados fortes desenvolvimentos a nível científico e tecnológico. Porém, é reconhecida a necessidade de estabelecer uma nova cultura na formação e ensino. Efetivamente, o desejado crescimento azul sustentável não será alcançado sem competências, conhecimento e pessoas qualificadas e motivadas, pelo que este tema se posiciona, claramente, como estruturante do desenvolvimento.

“Science has been, and will continue to be, a powerful driver of economic development in the seas and oceans” (OCDE, 2016).

Potenciar o desenvolvimento sustentável da economia do mar exige conhecer o oceano e os mares e compreender o seu estado de saúde. Este conhecimento resulta do investimento em pesquisa científica, incluindo equipamentos, instalações, sistemas de colaboração e de partilha de informação e, claro, equipas multidisciplinares preparadas para recolher, interpretar e processar dados. O conhecimento resultante – se devidamente articulado entre a academia, a indústria e a governação – é o motor da inovação marinha, mas também o garante da proteção do oceano, potenciando a geração de riqueza e a criação de postos de trabalho.

Em conclusão, a prioridade das ações começa nas pessoas, na ciência e no conhecimento, nomeadamente na pesquisa, na educação, na literacia do oceano e na literacia da economia azul, abrindo portas à captação de talento e inspirando a inovação e a colaboração, comunicando e amplificando a consciência de que existe apenas um oceano que nos liga a todos e do qual a sustentabilidade do planeta depende.

É fundamental promover a literacia do oceano junto dos mais jovens. Existem muitas e excelentes iniciativas neste domínio, particularmente em Portugal. Mas é também prioritário promover a literacia da economia azul, abordar a ignorância azul dos adultos, capacitando-os para aproveitar as oportunidades que a economia azul oferece. E para reconhecer e agir face às ameaças gritantes que o oceano, os mares e o planeta enfrentam.

Fonte: INOVSEA


2. INDÚSTRIA MARÍTIMA

A indústria marítima constitui um pilar de suporte à economia azul de qualquer país ou região. Abrange as atividades de conceção (design, arquitetura e engenharia naval); construção, manutenção, reparação, reciclagem e conversão de todos os tipos de navios, embarcações e estruturas flutuantes; e uma vasta cadeia de fornecedores de sistemas marítimos, equipamentos e prestação de serviços.

Esta indústria está também ligada a uma vasta gama de atividades que incluem os portos, navios e transporte marítimo; navegação interior; serviços portuários; abastecimento offshore; investigação e desenvolvimento; ensino e formação; classificação e inspeção de navios; fiscalização; abastecimento de combustíveis; obras marítimas; seguros marítimos; financiamento marítimo; corretagem marítima; direito marítimo; gestão de tripulações; associações; serviços governamentais; salvação marítima; mergulho; suprimentos para navios; entre outros.

Inovação, digitalização, descarbonização e circularidade fazem parte do dia a dia da indústria marítima. É hoje comum associar a este setor expressões como portos automáticos; combustíveis alternativos; digital twin ports; green shipping; navios autónomos; e portos verdes.

Apesar de ser considerado um setor tradicional, a indústria marítima não poderia ser mais atual, emergente e disruptiva, face aos desafios que enfrentamos na atualidade: conflitos entre nações; alterações climáticas; aquecimento global; poluição e lixo; esgotamento de recursos; e perda de biodiversidade.

Adicionalmente, constitui um pilar de suporte fundamental para todos os outros setores de atividade da economia azul. E para o funcionamento da economia globalizada em que vivemos – cerca de 90% do comércio global é transportado por navios.

Exemplo do Reino Unido

O Reino Unido atualizou a estratégia para a sua indústria marítima (março 2022), com previsão de investimentos que atingem 4,7 mil milhões de euros, a aplicar em 3 anos. A imagem abaixo expressa e resume a sua visão – a indústria marítima é efetivamente estruturante de toda a economia azul.


3. BIOECONOMIA E BIOTECNOLOGIA AZUL

Bioeconomia

De forma simplificada, a visão da bioeconomia consiste numa economia baseada principalmente em recursos biogénicos (produzidos pela ação de organismos vivos) em vez de fósseis.

A bioeconomia proporciona soluções para os principais desafios que enfrentamos atualmente: as alterações climáticas, reduzindo as emissões de gases com efeito de estufa (GEE); a perda de biodiversidade, evitando a sobre-exploração de recursos; e a dependência dos combustíveis fósseis, promovendo as energias renováveis. Contribui ainda para a criação de empregos amigos do ambiente, mantendo a produtividade e a competitividade. Os princípios da economia circular – reduzir, reutilizar e reciclar – são parte fundamental da bioeconomia, diminuindo a quantidade total de resíduos e o seu impacto; permitindo economizar energia; e minimizando a poluição do solo, do ar e da água.

A Estratégia da Bioeconomia para a Europa (Comissão Europeia, 2018), apresenta a seguinte definição:

“A bioeconomia abrange todos os setores e sistemas que dependem de recursos biológicos (animais, plantas, microrganismos e biomassa derivada, incluindo resíduos orgânicos), e as suas funções e princípios. Inclui e interliga: (1) ecossistemas terrestres e marinhos e os serviços que fornecem; (2) todos os setores de produção primária que usam e produzem recursos biológicos, ou seja, agricultura, silvicultura, pesca e aquicultura; e (3) todos os setores económicos e industriais que usam recursos e processos biológicos para produzir alimentos, rações, produtos de base biológica, energia e serviços. Atravessa estes setores e sistemas, interligando-os e criando sinergias.”

Estabelece ainda que “Para ter sucesso, a bioeconomia europeia deve ter a sustentabilidade e a circularidade no centro, impulsionando a renovação das indústrias, a modernização dos sistemas de produção primária, a proteção do meio ambiente e a conservação da biodiversidade.”

A bioeconomia tem a capacidade de, entre muitas outras aplicações, transformar algas em combustível; reciclar plástico; fabricar mobília ou vestuário a partir de resíduos; e converter subprodutos industriais em adubos biológicos. Os sistemas alimentares assumem a maior expressão da bioeconomia, incluindo atividades como a agricultura sustentável, a pesca sustentável, a silvicultura e a aquicultura, assim como a produção de alimentos e rações. Seguem-se os bioprocessos, que permitem utilizar os recursos naturais para a produção de bioprodutos como o papel, biocombustíveis, bioplásticos, produtos químicos industriais, roupa biodegradável, entre outros. Finalmente, a biomassa renovável, que pode ser obtida através de diversas fontes primárias (ervas, árvores, algas, culturas de alimentos, outros) e resíduos domésticos, industriais e da agricultura (cascas de vegetais, serradura, óleos vegetais usados, bagaço, palha de cereais, outros), podendo ser utilizada como fonte de bioenergia.

Biotecnologia azul

O termo biotecnologia representa a junção de diversas ciências biológicas (por exemplo a microbiologia, a biologia celular e a genética) com diferentes tecnologias (por exemplo a robótica, a computação, a impressão 3D), para gerar novos produtos e serviços. A biotecnologia é usada em vários produtos e setores industriais, incluindo a saúde humana e farmacêutica, saúde animal, agricultura, têxteis, produtos químicos, plásticos, papel, combustível, alimentos e rações.

A biotecnologia azul (biotecnologia marinha) está relacionada com o oceano e os mares; com o aproveitamento de recursos biológicos com origem em ambientes aquáticos (de água doce ou marinhos) como alvo ou fonte de aplicações biotecnológicas, agregando-lhes valor. É o campo da ciência que se foca nos mares e oceano para o desenvolvimento de novos fármacos, produtos químicos, enzimas e outros produtos e processos. Inclui as formas tradicionais de biotecnologia marinha como a aquicultura, mas revela avanços notáveis e abrangentes nos campos da medicina, cosmética, nutricêutica, produção de alimentos e aplicações ambientais industriais. Novas aplicações estão em desenvolvimento, incluindo a biorremediação, a produção de biocombustíveis e a modificação genética de peixes. A biotecnologia marinha abrange também o desenvolvimento de equipamentos, por exemplos boias com sensores para monitorização da condição da água.

Cadeia de valor

A cadeia de valor da biotecnologia azul inclui, pelo menos, quatro setores, como se apresenta de seguida.

  1. Entidades de conhecimento: universidades e centros de investigação e desenvolvimento tecnológico, em particular os especializados em biotecnologia;

  2. Desenvolvimento de produtos: empresas e entidades responsáveis pelo desenvolvimento de produtos e compostos de origem marinha, incluindo os setores agroalimentar, farmacêutico e cosmética;

  3. Utilizadores de compostos: empresas e entidades que utilizam compostos de origem marinha no fabrico dos seus próprios produtos;

  4. Indústria auxiliar: entidades que oferecem produtos, equipamentos e serviços de apoio à indústria, incluindo material de laboratório, equipamentos, tecnologia e serviços vários.

Exemplo da PharmaMar

A PharmaMar é uma empresa farmacêutica espanhola que se dedica à pesquisa (biodescoberta) e ao desenvolvimento de medicamentos exclusivamente a partir de organismos marinhos, ou seja, é uma empresa de biotecnologia azul. Desenvolveu o medicamento anti-tumoral de marca comercial Yondelis, a partir da trabectedina, o primeiro composto natural marinho aprovado para uso clínico na quimioterapia do cancro, sendo atualmente produzido sinteticamente.

O processo de biodescoberta tem início na procura de organismos marinhos, por uma equipa formada por biólogos marinhos e mergulhadores profissionais, pioneiros na exploração da biodiversidade marinha, conseguindo atingir profundidades de até 120 metros. Após recolha e seleção é iniciado o processo de síntese dos macroorganismos e de microrganismos marinhos. Passa-se de seguida ao processo de formulação de compostos e de ensaios clínicos fundamentais para o desenvolvimento do medicamento.

Exemplo da WildType Foods

Multiplicam-se as iniciativas em todo o mundo para produzir carne, peixe e crustáceos cultivados em laboratório (agricultura celular). A receita é aparentemente simples, assentando em três “ingredientes”: células animais, um meio líquido denso em nutrientes para alimentar as células; e um bioreator que fornece as condições certas para as cultivar. De sublinhar que o “ingrediente” célula não requer o abate de um animal vivo, dado que pode ser obtido por mera biópsia.

A empresa WildType Foods apresenta-se como pioneira na agricultura celular de frutos do mar – pretende construir um novo sistema alimentar começando pelo salmão, contribuindo para a saúde das pessoas e do oceano. Ao cultivar frutos do mar diretamente a partir de células, deixa de existir dependência da captura de peixe selvagem e até mesmo de aquicultura. Adicionalmente, o peixe produzido por esta via é livre de mercúrio, microplásticos, antibióticos e compostos farmacêuticos, e outros contaminantes.


4. ENERGIA RENOVÁVEL MARÍTIMA

A energia de fontes renováveis marinhas ou marítimas é uma das rotas mais promissoras para aumentar a futura produção de eletricidade, apoiando o alcance dos objetivos de descarbonização da União Europeia. De facto, a energia renovável marítima é crucial para que se atinjam as metas de redução das emissões de carbono, em pelo menos 55% até 2030, em comparação com os níveis de 1990, e se alcance a neutralidade carbónica até 2050.

A energia renovável marítima inclui várias fontes de energia renovável do oceano, com destaque para a energia eólica marítima fixa – já estabelecida e em fase comercial em muitos países; e o grupo das tecnologias emergentes, que incluem a energia eólica marítima flutuante; a energia térmica; a energia de gradientes de salinidade; a energia das ondas; a energia das marés; e a energia solar flutuante.

A energia renovável marítima representa uma importante fonte de energia verde e pode dar um contributo significativo para a estratégia energética da UE para 2050. Configura também um grande potencial para gerar crescimento económico e empregos qualificados; aumentar a segurança do abastecimento de energia; e aumentar a competitividade por meio da inovação tecnológica. A energia renovável marítima é já responsável pela criação de milhares de postos de trabalho e tem potencial para criar muitos mais, devendo ser seriamente ponderado o investimento em toda ou em parte da sua cadeia de valor.

Cadeia de valor

A cadeia de valor da energia renovável marítima inclui, pelo menos, sete setores:

  1. Entidades de conhecimento: escolas, centros de formação, universidades e centros de investigação e desenvolvimento tecnológico, em particular os especializados em energia e engenharia mecânica e marítima;

  2. Promotores: entidades responsáveis pela promoção, titularidade e construção de instalações energéticas, incluindo as atividades de elaboração de projetos, análises socioeconómicas, estudos de impacto ambiental, engenharia, obras civis e logística;

  3. Projeto e fabrico de equipamentos: empresas e entidades especializadas na conceção e fabrico de equipamentos e sistemas, incluindo aerogeradores (ou componentes), torres, fundações, ligação à rede elétrica, subestações offshore, telecomando e comando;

  4. Equipamentos marítimos e serviços: atividades de projeto e construção de navios especializados para instalação de equipamentos (installation vessels) e outras embarcações auxiliares para serviços de inspeção e manutenção (service vessels), serviços de transporte marítimo e de apoio (rebocadores, segurança marítima, etc.);

  5. Instalação de equipamentos: atividades de instalação dos parques de energia ou dispositivos, englobando serviços de transporte e instalação de cabos submarinos, aerogeradores e fundações, subestações offshore, obras civis ao largo e serviços relacionados;

  6. Operação e manutenção: atividades de operação e controlo de parques energéticos, serviços meteorológicos, manutenção e reparação eletromecânica, serviços auxiliares das atividades de operação e manutenção, transporte de materiais e de pessoas, reciclagem e desmontagem de estruturas;

  7. Instalações portuárias: alguns portos terão necessidade de ser modernizados (atualização ou expansão), tendo em conta o seu papel transversal de apoio a todas as atividades relacionadas com a energia renovável marítima, adequando-se à montagem, fabrico e manutenção de equipamentos de energia offshore e aos serviços relacionados.

Produção de hidrogénio verde offshore

A produção de eletricidade offshore confronta-se com uma série de desafios, relacionados com a estabilidade da rede e a variabilidade, devido à incompatibilidade temporal entre o fornecimento (por exemplo, quando as turbinas eólicas estão a gerar eletricidade) e a procura de consumo (quando a eletricidade é necessária). A produção de hidrogénio renovável (verde) por eletrólise pode ajudar a ultrapassar vários desses desafios e fornecer alternativas para armazenar o excesso de eletricidade gerado no mar. Uma vez produzido, o hidrogénio pode ser empregue para gerar de novo eletricidade em pilhas de combustível, ou como combustível para qualquer meio de transporte, incluindo navios, carros, comboios e até aviões. A produção de hidrogénio offshore apresenta uma série de vantagens, pois tanto o transporte quanto o armazenamento podem ser realizados em larga escala e a um custo relativamente baixo. Além disso, as plataformas offshore de petróleo e gás podem ser reaproveitadas para a produção de hidrogénio renovável.

Exemplo das ilhas de energia na Dinamarca

A Agência de Energia Dinamarquesa partilha informação sobre o plano de construção de duas ilhas de energia na Dinamarca. A primeira localiza-se no mar Báltico e será instalada na ilha natural de Bornholm. As instalações eletrotécnicas da ilha servirão como um centro para parques eólicos offshore ao largo da costa, fornecendo 2 GW de energia. A segunda ilha será instalada no Mar do Norte e requer a construção de uma estrutura artificial, que servirá de hub para parques eólicos offshore, fornecendo 3 GW de energia, com um potencial de expansão até 10 GW a longo prazo.


CONCLUSÕES

A economia azul inclui um vasto conjunto de atividades económicas, tradicionais e emergentes. Todas têm o seu valor, contribuindo para a riqueza das nações e para o bem-estar das pessoas e comunidades.

Os quatro setores apresentados não excluem o valor e contributo de todas estas atividades, procurando antes sublinhar o potencial por explorar na economia do mar sustentável. Os exemplos apresentados são também uma pequena representação do que melhor se faz a nível mundial, não para reduzir as excelentes iniciativas nacionais, antes para percebermos o posicionamento e liderança de algumas nações, na atualidade e palco global. Uma visão holística é fundamental para planear e agir localmente.

O conhecimento é o motor da inovação e do desenvolvimento. O conhecimento é também o engenho da ação, da evolução e do progresso sustentável e regenerativo.

Potenciar o aproveitamento económico, social e ambiental do oceano, de forma sustentável, exige a capacitação de pessoas com o conhecimento e as ferramentas fundamentais. Esta capacitação deve incluir a caracterização e perceção do valor da economia azul 3.0; da sua importância para a sustentabilidade do planeta; das ferramentas de regulação e gestão integrada do oceano e dos mares; e a definição e implementação de estratégias de desenvolvimento. O Programa de Liderança em Economia Azul (PLEA) foi desenvolvido com este propósito.

Recapitulando, não restam dúvidas de que um bom futuro terá de ser centrado em pessoas e ideias, apoiadas por instituições eficazes e orientadas por liderança de qualidade – focada em inovação positiva e diversidade económica, apostando em setores e usos emergentes.

Para alcançar o desenvolvimento preconizado, o compasso do percurso não precisa ser acelerado, mas a ação e a liderança devem ser efetivas. Copiando a assinatura da empresa de exploração espacial Blue Origin, fundada por Jeff Bezos da Amazon, o caminho faz-se “Step by Step, Ferociously”.


Texto: Álvaro Sardinha, março 2022